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sexta-feira, 8 de março de 2013

ORI ORIXA, A NOVA COLEÇÃO DE BRASIL COM ARTES

ORI ORIXA, A NOVA COLEÇÃO DE BRASIL COM ARTES


Para as religiões tradicionais africanas, a cabeça, chamada de Ori, representa o corpo todo juntamente com tudo que pode ser representado no aiyê, mundo. Nos terreiros de candomblé, Olori, literalmente, senhor(a) do Ori, recebe culto especial. Diz-se que a cabeça é adorada antes mesmo do culto aos orixás. O culto à cabeça é o culto aos antepassados, nossos pais e mães, homens e mulheres que nos antecederam no mundo e hoje estão presentes através de sua descendência. De culto discreto e poucas inovações, as cerimônias dedicadas à cabeça de cada pessoa de forma individual é mantida ainda hoje em alguns terreiros de candomblé onde nota-se visivelmente a influência islâmica. Ori mo fe re é a saudação à Olori. Este também é o nome da coleção que Brasil com Artes através do artista plástico Rodrigo Siqueira acaba de introduzir no mercado. Trata-se da cabeça dos orixás, trabalho influenciado por traços de principes, rainhas, reis, artistas, musicos, sacerdotes e sacertotizas africanos. Misturado a isso, o bom gosto e requinte, principais caracteristica de seus trabalhos. Vale apena conferir.


 

CONFIRA ALGUMAS PEÇAS DA COLEÇÃO ORI ORIXÁ

A nova coleção sugerida por Rodrigo Siqueira,Ori Orixá, é inspirada nos ancestrais africanos. Assim, imagens desses orixás ganham requinte e forma através de uma proposta que realça o belo das culturas tradicioniais e ao mesmo tempo o o enriquece através de traços barrocos.









CANDOMBE
Põe o ombro na lua,
Mas levanta forte
que Zambi arrepia o sol.
Os velhos desfiam os dedos
e o tempo se assusta: “Auê,
quem vive tanto é de mistério”.
“Não, que o quê?— respondem.
Põe o ombro aqui, candonga
mas dobra forte
que Zambi engole o sol.
Uê, morde por dentro
cobra dormindo faz a cova.
Uê, quem sabe desses meninos
é Zambi que engole o sol
é Zambi que mata o sol.
MISSA CONGA
Para que deuses se reza
quando o corpo aprendeu
         toda linguagem do mundo?
Onde se deitam os olhos
quando o altar dos antigos
         ainda se esconde?
Para que deuses se reza
quando as palavras se velam
         para invocar os nomes?
Por que não entregar a vida
ao deus com olhos de plumas
         que vive no fundo dos tempos?

EDIMILSON DE ALMEIDA PEREIRA
Nasceu em Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil, em 1963. Licenciado em Letras e especializado em literatura portuguesa. Professor de literatura na Universidade Federal de Juiz de Fora, é mestre em literatura e em ciência da religião e doutor em comunicação e cultura. Estreou em 1985 e  publicou quase duas dezenas de livros. Sua obra poética foi reunida em quatro volumes em 2003, incluindo: Zé Osório Blues (2002); Lugares Ares (2003); Casa da Palavra (2003); e As Coisas Arcas (2003).  Traduzido a vários idiomas.

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