ORI ORIXA, A NOVA COLEÇÃO DE BRASIL COM ARTES
Para
as religiões tradicionais africanas, a cabeça, chamada de Ori,
representa o corpo todo juntamente com tudo que pode ser representado no
aiyê, mundo. Nos terreiros de candomblé, Olori, literalmente, senhor(a)
do Ori, recebe culto especial. Diz-se que a cabeça é adorada antes
mesmo do culto aos orixás. O culto à cabeça é o culto aos antepassados,
nossos pais e mães, homens
e mulheres que nos antecederam no mundo e hoje estão presentes através
de sua descendência. De culto discreto e poucas inovações, as cerimônias
dedicadas à cabeça de cada pessoa de forma individual é mantida ainda
hoje em alguns terreiros de candomblé onde nota-se visivelmente a
influência islâmica. Ori mo fe re é a saudação à Olori. Este
também é o nome da coleção que Brasil com Artes através do artista
plástico Rodrigo Siqueira acaba de introduzir no mercado. Trata-se da
cabeça dos orixás, trabalho influenciado por traços de principes,
rainhas, reis, artistas, musicos, sacerdotes e sacertotizas africanos.
Misturado a isso, o bom gosto e requinte, principais caracteristica de
seus trabalhos. Vale apena conferir.
CONFIRA ALGUMAS PEÇAS DA COLEÇÃO ORI ORIXÁ
A nova coleção sugerida por Rodrigo Siqueira,Ori Orixá,
é inspirada nos ancestrais africanos. Assim, imagens desses orixás
ganham requinte e forma através de uma proposta que realça o belo das
culturas tradicioniais e ao mesmo tempo o o enriquece através de traços
barrocos.
CANDOMBE
Põe o ombro na lua,
Mas levanta forte
que Zambi arrepia o sol.
Os velhos desfiam os dedos
e o tempo se assusta: “Auê,
quem vive tanto é de mistério”.
“Não, que o quê?— respondem.
Põe o ombro aqui, candonga
mas dobra forte
que Zambi engole o sol.
Uê, morde por dentro
cobra dormindo faz a cova.
Uê, quem sabe desses meninos
é Zambi que engole o sol
é Zambi que mata o sol.
MISSA CONGA
Para que deuses se reza
quando o corpo aprendeu
toda linguagem do mundo?
Onde se deitam os olhos
quando o altar dos antigos
ainda se esconde?
Para que deuses se reza
quando as palavras se velam
para invocar os nomes?
Por que não entregar a vida
ao deus com olhos de plumas
que vive no fundo dos tempos?
EDIMILSON DE ALMEIDA PEREIRA
Nasceu
em Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil, em 1963. Licenciado em Letras e
especializado em literatura portuguesa. Professor de literatura na
Universidade Federal de Juiz de Fora, é mestre em literatura e em
ciência da religião e doutor em comunicação e cultura. Estreou em 1985
e publicou quase duas dezenas de livros. Sua obra poética foi reunida
em quatro volumes em 2003, incluindo: Zé Osório Blues (2002); Lugares Ares (2003); Casa da Palavra (2003); e As Coisas Arcas (2003). Traduzido a vários idiomas.
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