Iorubá dos terreiros
Agnes Mariano
“Quero ver meus filhos com anel no dedo e aos pés de Xangô”, dizia a ialorixá Aninha, fundadora do Ilê Axé Opô Afonjá. Com essa frase, a famosa sacerdotisa expressava um dos maiores desafios que enfrentam os negros e mestiços baianos: ter acesso a melhores condições de educação, emprego e moradia sem ter que esquecer e até disfarçar a herança africana. Muitos baianos corajosos aceitaram esse desafio e conseguiram manter viva até hoje – 150 anos após o fim do tráfico de escravos – a língua dos nossos ancestrais: o iorubá.
“Quero ver meus filhos com anel no dedo e aos pés de Xangô”, dizia a ialorixá Aninha, fundadora do Ilê Axé Opô Afonjá. Com essa frase, a famosa sacerdotisa expressava um dos maiores desafios que enfrentam os negros e mestiços baianos: ter acesso a melhores condições de educação, emprego e moradia sem ter que esquecer e até disfarçar a herança africana. Muitos baianos corajosos aceitaram esse desafio e conseguiram manter viva até hoje – 150 anos após o fim do tráfico de escravos – a língua dos nossos ancestrais: o iorubá.
O nigeriano Ajayi Adekanye, professor de
iorubá do Centro de Estudos Afro-Orientais (Ceao), da Ufba, confirma: “A
língua que se fala nos terreiros baianos é o mesmo iorubá da África”.
Pelo que observou em Salvador, o iorubá que se manteve aqui é uma versão
arcaica – mais antiga, com palavras que caíram em desuso -, mas ainda
compreensível. “É como se você ouvisse um português da época do
descobrimento falando”, compara o professor. Desde quando chegou à
Bahia, Ajayi já teve contato com vários baianos que conseguem
expressar-se em iorubá, principalmente através de frases simples: “A
maior dificuldade é o ritmo, que todo mundo perde quando não pratica
cotidianamente a língua”.
Duas características da civilização
iorubá auxiliaram especialmente a manutenção da língua: o importância da
oralidade – que desenvolve bastante a memória – e a sobrevivência da
religião africana na Bahia, em cujos rituais a palavra falada é elemento
fundamental. Nas comunidades iorubás, como os terreiros, o conhecimento
é transmitido oralmente, através das cantigas, invocações, dos orikis –
em forma de frase, palavra ou poema – das lendas, parábolas e vários
tipos de textos sobre os ancestrais, explica a antropóloga Juana Elbein,
em seu texto A expressão oral na cultura negro-africana e brasileira.
Na Bahia, como sempre aconteceu na tradição africana, o principal
veículo de transmissão dos valores e da linguagem iorubá foi e continua
sendo a religião – entoando seus antigos cânticos de saudação aos
orixás, muitos baianos tornaram-se então cidadãos bilíngües.
Como no aprendizado de qualquer língua, a
melhor opção é sempre começar na infância e, se possível, dentro da
família. Em Salvador, os descendentes dos iorubás mantiveram a sua
língua viva da mesma forma como fazem, até hoje, muitos descendentes de
italianos, alemães e de outros imigrantes que vieram para o Brasil. A
comparação é feita por Antônio de Sant’Anna – o obá Kankanfô -, 81 anos,
que presenciava, na infância, os seus vizinhos descendentes de alemães,
de vez em quando, arriscarem alguma palavra da língua dos avós.
Na família de Kankanfô, o iorubá estava
presente no cotidiano, desde quando o seu pai – Miguel Sant’Anna – lhe
pedia o pão ou a farinha, às cantigas para os orixás. Ligado à religião
tradicional africana por laços familiares – seu pai era ogã da Casa
Branca e Kankanfô é filho adotivo de Maria Bibiana do Espírito Santo, a
Mãe Senhora do Opô Afonjá -, ele encontrava nas casas religiosas um
estímulo redobrado ao aprendizado da língua, aprendendo com os mais
velhos e praticando com os outros garotos. Era tudo tão natural para
Kankanfô que até nas reuniões preparatórias para a primeira comunhão,
quando rezava o Pai-nosso em voz alta com as outras crianças, ele de vez
em quando misturava o português com o iorubá. Uma distração que lhe
custava algumas broncas e puxões de orelha.
O que impressiona, no caso dos
descendentes dos iorubás na Bahia, é o fato de eles terem conseguido
manter viva a sua tradição, apesar da condição de escravos e enfrentando
até a perseguição policial às suas manifestações, como o samba nas
ruas, a capoeira e práticas religiosas. Somente em 1976, na gestão do
governador Roberto Santos, as casas religiosas foram autorizadas
legalmente a funcionar sem precisar de licença da polícia. Até o início
do nosso século, não era raro os terreiros baianos serem invadidos pela
polícia e seus adeptos, espancados e presos. Segundo o antropólogo Ordep
Serra, um testemunho desse período lamentável estava presente e exposto
até pouco tempo atrás no Museu Estácio de Lima. “Objetos sagrados do
candomblé, aprisionados pela polícia, estavam expostos ao lado de vários
tipos de objetos que documentam crimes, como armas”. Adeptos da
religião africana entraram com uma ação no Ministério Público para
retirar os objetos da exposição.
A nova geração do povo de santo,
felizmente, não precisa mais enfrentar tantas dificuldades para exercer a
sua fé ou aprender o iorubá, que ainda é considerado importante, “para
não ficar voando”, diz Iraildes Santos, 23, do Afonjá. Mas, como
herdeiros diretos da cultura iorubá, eles sabem que não se deve ter
pressa. Enquanto brinca com as outras 15 crianças do Ilê Axé Oxumaré, na
Vasco da Gama, Sidnei, 5, vai mostrando o que conhece – “Roncó é o
quarto onde fica a iaô, quando ela faz o santo” – e dá uma larga risada,
caçoando de quem não sabe que obé é uma faca. Daniele, 14, e Juliete,
10, explicam que é ouvindo, perguntando aos mais velhos e participando
do dia-a-dia do terreiro, que o vocabulário vai se enriquecendo. “Eni é
esteira, batá é chinelo e açúcar é ió”, ensinam as garotas. Antes de
dirigir-se a alguém mais velho na casa, elas já sabem, é sempre bom
pedir licença, dirigindo-lhe um agô.
As 350 crianças que freqüentam a Escola
Municipal Eugenia Anna dos Santos, no Afonjá, em São Gonçalo do Retiro,
aprendem em sala de aula que boa tarde é Ku axalé, desculpe é Pelé ô,
bom trabalho é Ku ixé e até logo é Adolá. O hino do Afonjá, em iorubá, a
criançada canta de cor durante as festas. São meninos e meninos entre 6
e 14 anos, de São Gonçalo, Pernambués, Cabula e bairros próximos. Entre
os jovens da própria comunidade religiosa, apenas 10 estão nessa faixa
etária e estudam na escolinha do terreiro. A língua e a cultura iorubá
estão presentes, ainda, nos contos africanos que são trabalhados em
sala, interligando as várias disciplinas.
Para quem está ligado à religião
africana, por fé ou laços sangüíneos, o contato com o iorubá é
freqüente, mas cerimonioso, afinal trata-se “da língua dos orixás”,
lembra o babalorixá Gean, filho-de-santo do Ilê Axé Oxumaré. Na maioria
dos casos, o aprendizado e a prática acontecem simultaneamente. “De vez
em quando minha tia fala iorubá com a gente quando está na mesa, para
pedir alguma coisa”, conta Andreia Santos, 16, referindo-se a Mãe Stella
de Oxóssi. Mas é participando dos rituais, principalmente ouvindo e
cantando as louvações aos orixás durante as festas, que Andreia e
Iraildes vão, aos poucos, aprendendo a língua. “Quando você canta alguma
coisa errada, a pessoa que está tirando as músicas corrige, mas é tudo
muito sutil, ninguém nota, só as meninas do coro e os alabês, que são os
músicos”.
O Ilê Axé Asipá, na Paralela, cuida com
rigor da transmissão do iorubá aos mais jovens, organizando até aulas
periódicas, das quais participam também os garotos do Afonjá. As sessões
sobre vocabulário e pronúncia são feitas com Mestre Didi, o primeiro
brasileiro a fazer um dicionário de iorubá, na década de 50. O mestre,
que não fala com jornalistas, é apontado como um dos baianos mais
fluentes na língua e como um dos grandes responsáveis pela retomada de
contato entre as casas religiosas baianas e a África. Filho de Mãe
Senhora, uma das ialorixás mais importantes e influentes que o Brasil já
teve, Mestre Didi é também sacerdote do Ilê Asipá.
Quando teve a honra de receber em sua
casa religiosa a visita de um rei de Ketu, o babalorixá Silvanilton, do
Ilé Axé Oxumaré, comprovou que há mesmo grandes diferenças entre o
iorubá que se fala nos terreiros baianos e o que existe hoje na África.
Mas, ele conta emocionado, através da música, a comunicação se
estabeleceu. “Quando eu cantei, o rei ficou muito alegre, porque
entendia o que eu estava dizendo. Ele dizia: ‘Orixá. Orixá’. E
perguntava: ‘Como, como vocês conseguiram manter’”?.
Na religião africana, “toda a força está
na palavra, tudo que se faz envolve a palavra. Por isso, acredito que o
iorubá foi preservado”, afirma o paulista Riz Maglio, iniciado na
religião há 22 anos. Participando de uma religião de iniciação, que
valoriza a experiência e o tempo de convívio, a língua iorubá pode
servir também para evitar que o iniciante ou o visitante entenda algo
sigiloso que está sendo dito. Um recurso que pode ser usado também em
outras situações, como precisou fazer o babalorixá Silvanilton, para
conversar com seus filhos-de-santo durante uma audiência do processo que
moveu contra a TV Record, por ter veiculado uma reportagem com
montagens que deturpavam a sua imagem e voz.
Segundo o cientista social Marco Aurélio
Luz, na tradição africana o conhecimento é um valor: quanto mais você
conhece cantiga, mais valor você tem:
- O valor não está na acumulação de bens, mas no aumento do ‘existir’, que é a prole numerosa, o número de irmãos, filhos, pessoas do grupo, uma inserção comunitária em que se é bem considerado: uma vida extensa. E para ter um aumento nesse ‘existir’, que garante uma vida tranqüila – onde você cuida muito dos outros, mas também terá muitos para cuidar de você – é fundamental a proteção da religião. E é através da liturgia, onde o iorubá tem um papel fundamental, que se pode ter contato com as entidades da religião.
LÍNGUA CANTADA
Ainda que as casas religiosas sejam os grandes difusores da língua, a presença do iorubá ultrapassa os limites dos terreiros. Está em nosso repertório verbal, em palavras que todos nós falamos, nas gírias, nos nomes das ruas, de instituições e influencia até, acreditam alguns especialistas, no português falado cotidianamente por qualquer baiano culto. Alguns exemplos são os nomes dos blocos afros Olodum e Ilê Aiyê, da banda Didá, a Avenida Ogunjá e até um recente outdoor com uma frase inteira em iorubá, anunciando uma concessionária da Avenida Bonocô que, dizem alguns, também é uma palavra africana, mas provavelmente não iorubá.
Ainda que as casas religiosas sejam os grandes difusores da língua, a presença do iorubá ultrapassa os limites dos terreiros. Está em nosso repertório verbal, em palavras que todos nós falamos, nas gírias, nos nomes das ruas, de instituições e influencia até, acreditam alguns especialistas, no português falado cotidianamente por qualquer baiano culto. Alguns exemplos são os nomes dos blocos afros Olodum e Ilê Aiyê, da banda Didá, a Avenida Ogunjá e até um recente outdoor com uma frase inteira em iorubá, anunciando uma concessionária da Avenida Bonocô que, dizem alguns, também é uma palavra africana, mas provavelmente não iorubá.
Quando iniciou a sua pesquisa de
mestrado, ouvindo crianças e jovens do Afonjá, a lingüista Iracema de
Souza, professora da Faculdade de Letras da Universidade Federal da
Bahia (Ufba), surpreendeu-se com a presença do iorubá na comunidade.
“Autores como Antonio Houaiss sempre afirmaram que a influência de
outras línguas no português brasileiro é mínima, mas fui percebendo que
não era bem assim”. Aprofundando a sua pesquisa sobre a diversidade
lingüística na realidade afro-baiana, tema do seu doutorado, a
influência do iorubá despontou ainda mais. Agora, Iracema e mais seis
pesquisadores da Ufba tentam mapear os detalhes da influência da língua
africana: “Além das palavras em iorubá, encontramos termos do português
sendo usados para veicular sentidos africanos e também certos
procedimentos lingüísticos que remetem ao idioma”.
As diferenças entre o iorubá que se fala
na Bahia e o que existe hoje na África são reais. Enquanto na Bahia
manteve-se um iorubá arcaico, na África, a colonização européia deixou
marcas profundas, na língua e na cultura locais. O professor do idioma
Gilberto Baraúna explica o que aconteceu: “Durante a colonização inglesa
na Nigéria, os missionários anglicanos estruturaram esse iorubá que é
ensinado hoje em dia nos cursos. Eles fizeram dicionários, gramáticas e a
escrita iorubá, que não existia”. Trata-se de uma adaptação, reunindo
elementos de vários dialetos falados na Nigéria e incorporando também
uma influência da língua inglesa, principalmente na criação de palavras
que não existiam em iorubá.
Se, no iorubá nigeriano, café virou uma
corruptela de coffee, na Bahia, a opção dos antigos foram as
aproximações poéticas: café virou água preta, “omi dudu”, explica
Lidiane Silva, 19, do Ilê Axé Oxumaré, e igreja ficou sendo casa de
Deus, “ilê olorum”, diz o professor Baraúna. A maior dificuldade que os
ingleses enfrentaram para sistematizar o iorubá foi também a maior
vantagem com que contaram os descendentes de africanos ao redor do mundo
para não esquecer a língua dos antepassados: para falar iorubá é
preciso cantar as suas palavras. Ou seja, sendo uma língua tonal, o
sentido do que está sendo dito é definido pelo tom em que se fala, pela
sílaba que é enfatizada. Por isso, vemos tantos acentos e sinais no
iorubá escrito, que tentam reconstituir a melodia da fala, mostrando se a
sílaba é alta, média ou baixa, “se está em dó, ré, ou mi”.
Autor de um dicionário português-iorubá
com 40 mil verbetes, ainda não publicado, o professor Baraúna garante
que aprender iorubá não é difícil. “O vocabulário é pobre, como o
inglês. São sete vogais e a maioria das consoantes é parecida com as
nossas, mas existem algumas letras e fonemas nossos que eles não têm,
como v e z”. O sinal que se coloca sob algumas letras (Ọ, Ẹ e Ş) serve
para formar uma nova letra. No caso das vogais, o sinal (ponto, traço ou
rabinho) em baixo do “e” e do “o”, abre o som: por isso, o “e” iorubá
fica igual ao nosso “ê”, enquanto o “ẹ” equivale ao nosso “é”. O sinal
grave indica uma tonalidade baixa, e o agudo, tonalidade alta, como a
nossa sílaba tônica. Assim, ilé – casa – tem um significado e pronúncia
diferente de ilè. O “ş” equivale ao nosso “x” e o “j” pronuncia-se “dj”,
como em Djalma, já a letra “c”, que não existe em iorubá, é substituída
por “k”.
Segundo os professores de iorubá, muitas
razões levam jovens, adultos e até crianças a se interessarem pelo
aprendizado da língua. “A clientela é variada, já tive como aluna uma
garotinha de 8 anos e uma pessoa de 90. Boa parte dos meus alunos é de
pessoas de terreiros, inclusive eu já dei cursos dentro de terreiros e
às senhoras da Irmandade da Boa Morte”, explica Baraúna. Estudiosos da
cultura africana e “pessoas que querem se identificar com a raiz e
cultura negra” também são alguns dos interessados nesses cursos, conta o
professor do Centro de Estudos Afro-Orientais (Ceao) da Ufba, Ajayi. Há
algumas décadas, quando lançou a sua gramática de iorubá do lingüista
Edson Nunes, a extinta editora baiana Progresso pensou que a vendagem
seria um fracasso, mas, em 30 dias, esgotaram-se os mil exemplares,
conta o jornalista Fernando Rocha, que escreveu um livro sobre a
editora.
Morar em Salvador, “uma cidade onde
impera a negritude”, foi motivo suficiente para o dentista Agnaldo
Magalhães debruçar-se sobre a língua iorubá. Ele já está concluindo o
seu curso este ano. “Eu freqüento as aulas de quinta com o professor
Baraúna e também faço o curso dele por correspondência”. Através de
cartas e fitas, Magalhães mantém o intercâmbio com falantes da língua de
outras cidades e estados. O respeito ao legado iorubá pode aparecer de
outras formas também: a família baiana Alakija foi a primeira, no
Brasil, a registrar-se com um sobrenome iorubá. “Até hoje, temos contato
com parentes em Abeokutá”, conta Ana Alakija.
Quem são os iorubás
Os iorubás, chamados no Brasil de nagôs, fazem parte do grupo cultural sudanês, que incluía também os jêjes, os minas e os haussás. Os iorubás ocupavam a região do Golfo da Guiné, atuais Nigéria, Benin e Togo. Em seu livro Fluxo e refluxo do tráfico de escravos entre o Golfo de Benin e a Bahia de Todos os Santos, o antropólogo Pierre Verger explicou, com números, porque a etnia iorubá é tão predominante na Bahia: nas últimas décadas do tráfico de escravos, principalmente durante a fase ilegal, um enorme contingente de iorubás foi trazido para cá. Um outro detalhe é que os núcleos familiares não foram desmembrados, como aconteceu aqui com outras etnias.
Os iorubás, chamados no Brasil de nagôs, fazem parte do grupo cultural sudanês, que incluía também os jêjes, os minas e os haussás. Os iorubás ocupavam a região do Golfo da Guiné, atuais Nigéria, Benin e Togo. Em seu livro Fluxo e refluxo do tráfico de escravos entre o Golfo de Benin e a Bahia de Todos os Santos, o antropólogo Pierre Verger explicou, com números, porque a etnia iorubá é tão predominante na Bahia: nas últimas décadas do tráfico de escravos, principalmente durante a fase ilegal, um enorme contingente de iorubás foi trazido para cá. Um outro detalhe é que os núcleos familiares não foram desmembrados, como aconteceu aqui com outras etnias.
Se as coisas não foram boas para os
iorubás que vieram para o Brasil, quem ficou na África também enfrentou
muitas dificuldades. Hoje em dia, a maioria dos iorubás está no sudoeste
da Nigéria, o país mais populoso da África: são 120 milhões de
habitantes, sendo 40 milhões de iorubás, explica o professor Ajayi. Como
acontece nos outros países africanos, séculos de escravidão e
colonialismo europeu deixaram graves seqüelas. Dos anos 60 para cá,
quando tornou-se independente da Inglaterra, a Nigéria já enfrentou uma
guerra civil e 15 anos de ditadura. Ano passado, pela primeira vez um
presidente foi eleito democraticamente: Olusegun Obasanjo, o primeiro
iorubá a chegar ao poder.
Assim como o Brasil, a Nigéria ainda luta
para transformar a sua enorme diversidade cultural (250 etnias) e
riquezas naturais (é 8º produtor mundial de petróleo, jazidas de gás
natural, carvão, estanho, banhado pelo Rio Níger) em melhores condições
de vida. Violência, morte, fome e pobreza ainda fazem parte do cotidiano
dos iorubás e seus descendentes dos dois lados do Atlântico, mas
ninguém está pensando em desistir. Na busca de construir um futuro
melhor, uma grande fonte de inspiração para baianos e africanos continua
sendo o modo antigo de viver em comunidade dos iorubás, em que a
tradição e a palavra dos mais velhos é sempre respeitada.
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