Livro mostra a força das religiões afro no Rio Grande do Sul
Umbandistas e candomblecistas fazem oferendas a Iemanjá. Cena típica da Bahia? Sim, mas não é somente no estado nordestino que as religiões afro têm seu peso. O Rio Grande do Sul é o estado do Brasil com o maior número percentual de pessoas que se dizem adeptas de religiões afro-brasileiras (1,6% da população). A notícia não é nova. Estava no Censo de 2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e foi reconfirmada em 2010.O mais curioso deste dado é que o Rio Grande do Sul é a região do país com o menor número de pessoas que se declaram negras (81,4% de brancos, de acordo com Indicadores Sociais do IBGE) e com uma identidade sociocultural mais europeia, herança da colonização, principalmente alemã.
O resultado está nas páginas do livro “Cavalo de Santo — Religiões Afro-Gaúchas”. As imagens mostram manifestações afro-religiosas. Do Batuque, que cultua os Orixás, a Umbanda, que referencia os Pretos-velhos e Caboclos (índios), passando pela Linha Cruzada ou Quimbanda, que homenageia os Exus, Pombagiras e os Ciganos.
Chama atenção as festividades em homenagem à Iemanjá, que ocorrem na madrugada do dia 2 de fevereiro e chega a reunir 300 mil pessoas ao longo da costa.
A pesquisa junto com o antropólogo Ari Pedro Oro e com o jornalista Carlos Eduardo Caramez, além de pessoas da religião, levou à lista das lideranças e terreiros relevantes no estado. O passo seguinte foi selecionar os principais rituais e dar início aos cliques.
— É um fenômeno interessante e que parece contraditório. Quis registrar e dar visibilidade a este outro lado da cultura gaúcha e que não faz parte da cultura oficial do estado, ao contrário da Bahia.
Mirian sabia das dificuldades que poderia enfrentar para convencê-los a participar do seu projeto. Houve bom entendimento dos líderes sobre o propósito do trabalho. A convivência de anos com respeito e responsabilidade gerou boas fotos e uma cumplicidade com os Orixás, Entidades e o povo de santo. A sintonia foi tanta que muitas entidades a chamavam de “moça da luz”.
— Realizar este trabalho foi um mergulho profundo num caleidoscópio de energias, cores, luzes e sons que mudaram paradigmas da minha forma de fotografar e viver.
Nenhum comentário:
Postar um comentário