Comitê Impulsor da Marcha das Mulheres Negras 2015
A
Marcha foi idealizada, no Tulip Inn Hotel, Salvador-BA, por ocasião do
Encontro Paralelo da Sociedade Civil para o Afro XXI: Encontro Ibero
Americano do Ano dos Afrodescendentes (16 a 20 de novembro de 2011) e
será construída até 18 de novembro de 2015. Trata-se de uma iniciativa
de articular as mulheres negras brasileiras. A intenção é aglutinar o
máximo de organizações de mulheres negras, assim como outras
organizações do Movimento Negro, sem dispensar o apoio de organizações
de mulheres e de todo tipo de organização que apoiem a equidade
sociorracial e de gênero. Sem dúvida, O PROTAGONISMO É DE MULHERES NEGRAS BRASILEIRAS.
Marcharemos em homenagem às nossas ancestrais e em defesa da cidadania plena das mulheres negras brasileiras, porque:
- nós mulheres negras (pretas + pardas) somos cerca de 49 milhões espalhadas por todo o Brasil;
- o racismo, o machismo, a pobreza, com a desigualdade social e
econômica, tem prejudicado nossa vida, rebaixando a nossa auto-estima
coletiva e nossa própria sobrevivência;
- o fortalecimento da identidade negra tem sido prejudicado ao longo dos
séculos pela construção negativa da imagem da pessoa negra,
especialmente da mulher negra, desde a estética (cabelo, corpo, etc.)
até ao papel social desenvolvido pelas mulheres negras;
- as mulheres negras continuam recebendo os menores salários e são as que mais têm dificuldade para entrar no mundo do trabalho;
- a construção do papel social das mulheres negras é sempre pensada na
perspectiva da dependência, da inferioridade e da subalternização,
dificultando que nós possamos assumir espaços de poder, de gerência e de
decisão, quer seja no mercado de trabalho, quer seja no campo da
representação política e social;
- as mulheres negras sustentam o grupo familiar desempenhando tarefas
informais, que as levam a trabalhar em duplas e triplas jornadas de
trabalho;
- ainda não temos os nossos direitos humanos (direitos civis, políticos,
econômicos, sociais, culturais e ambientais) plenamente respeitados.
O convite-convocação é geral…
Temos
interesse especial em mobilizar: meninas negras, adolescentes e jovens
negras, do campo e das cidades; negras enfermeiras, negras professoras,
negras empregadas domésticas, negras quilombolas, negras das
manifestações e danças tradicionais (carimbo, marabaixo, maracatu,
tambor de crioula, jongo e outras), negras do samba (sambistas,
passistas, portas-bandeiras), negras prostitutas, negras médicas, negras
ligadas às religiões de matrizes africanas (candomblé, mina, quimbanda,
umbanda, pena-maracá e outras), negras cujos filhos/as foram
assassinados pela polícia, negras lavadeiras, negras cozinheiras, negras
da construção civil, negras cristãs (católicas, anglicanas,
presbiterianas, batistas, testemunha de Jeová, assembleianas, dentre
outras),negras bahaistas, negras nerds, negras punks, negras emos,
negras desportista, negras artistas, negras atéias, negras portadoras de
deficiência, negras regueiras, negras rapers, negras funkeiras, negras
DJs, negras grafiteiras, negras garis, negras empresárias, negras que
conseguiram cursar o terceiro grau, negras cujos parentes foram
assassinados nos episódios do Carandiru, Candelária, Vigário Geral,
Eldorado dos Carajás e outros massacres, negras lésbicas, negras
bissexuais, negras transsexuais, negras modelos fashions, negras sem
terra, negras atingidas por barragens, negras sem teto,
negras-indígenas, negras ribeirinhas, negras extrativistas, negras não
alfabetizadas; negras que foram mal atendidas no sistema de saúde). Ou
seja, todas as mulheres negras, inclusive, e principalmente, as quem
foram e/ou estão sendo discriminadas por vizinhos, por médic@s, por
dentistas e outros, mas que têm se sentido impotente diante de tão
grande opressão.
O tamanho da marcha…
O
Brasil tem a maior população negra fora da África (aproximadamente 100
milhões de pessoas) e nós, mulheres negras (pretas+ pardas), somos cerca
de 49 MILHÕES, Então, a idéia é viabilizar o deslocamento à Brasília de
uma representação do máximo dos 5.565 municípios, com
meninas-adolescentes-jovens-adultas-idosas negras.
Preparação…
Na
capital de cada estado haverá coordenações para mobilização da marcha
que agregarão uma ou mais organizações negras é ficarão responsáveis por
garantir a capilaridade para os municípios, os quais poderão, por sua
vez, ter seus próprios espaços de referências.
O propósito maior…
O processo de mobilização e preparação será um dos maiores ganhos da
marcha. Oficinas ligadas às mais diversas expressões da cultura negra de
cada estado-município poderão ser realizadas; oficinas ligadas à
geração de renda, de apropriação de novas tecnologias e outras, poderão
servir de base para o estímulo ao aumento da auto-estima coletiva das
mulheres negras deste país. Dessa forma, deverão ser realizadas – em
cada município envolvido na marcha – oficinas sobre DHESCAs (direitos
humanos, econômicos, sociais, culturais e ambientais) e Negritude
Feminina.
Chamamento à solidariedade…
Convidamos
todas as mulheres negras brasileiras para construir e participar da
Marcha das mulheres negras. Nosso objetivo, entre outros, é dar maior
visibilidade a situação de opressão secular da mulher negra, homenagear
nossas ancestrais e exigir do Estado brasileiro, bem como de todos os
setores da nossa sociedade, respeito e compromisso com a promoção da
equidade racial e de gênero, a fim de que possamos exercer plenamente os
nossos direitos como cidadãs brasileiras e construtoras históricas
deste país chamado Brasil.
O DESAFIO É GRANDE, MAS, ENFRENTAR PROBLEMAS, ATÉ ENTÃO, SEMPRE FOI ESPECIALIDADE DE TODA MULHER NEGRA BRASILEIRA!
Comitê Impulsor da Marcha das Mulheres Negras 2015